Folhas a voar

Foto: Gui Venturini

O vento levou as folhas que estavam caídas no colo quente da terra ardente que cultivava em seu ventre as raízes de uma árvore que deixou de ser dona das mesmas folhas que voaram. As folhas se libertaram dos galhos que as seguravam e aprisionavam em um único lugar, as folhas ganharam a liberdade e passaram a conhecer todos os lugares onde o vento as levou.

As folhas que estavam juntas passaram a se afastar uma da outra, o vento que vinha do sul, encontrou com o vento do norte, que distribuiu folhas para todos os lados e as folhas foram se perdendo.

O que era unido passou a conhecer o seu mundo sozinho, o vento as deu a liberdade, mas o tempo a sua diversidade. As folhas deixaram de se encontrar e, cada uma, encontrou um lugar, lugar esse que as levou para longe e as deixou solitárias e, cada uma delas, conheceu a solidão e passaram a secar.

As folhas novamente adubara a terra que um dia aqueceu o ventre da árvore que as criaram, mas desta vez, em outro lugar, longe da vida que foi criada.

Voltar não poderá, apenas irá adubar para novamente ver folhas a voar.


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