Camponesa, céu e mar.
Foto: Gui Venturini
Lá estava o
castelo, uma fortaleza onde sentinelas tomavam conta em todas as pontas, onde
cavalos e cavaleiros juntavam-se em um só, o pó era o nó que dava o laço na
forca que esperava um pescoço para ser abraçado.
A porta estendia-se
feito ponte, reis e rainhas, atravessavam e trafegavam seus sonhos e desejos,
seus desafios e congestionamentos, suas duvidas e argumentos, seus sofrimentos.
Eu, não
estou à procura da princesa, mas sim, em busca da camponesa, que corre livre
pelo campo, que deixa o vento tocá-la e as flores abraçá-la. Eu quero a camponesa que corre atrás das borboletas e
descansa seus sonhos na grama verde do campo brevemente extenso com pequenas pétalas
brancas, botões amarelos e folhas verdes, elas, decoram todo o tapete aveludado
de um caminho sem fim.
O vento no
seu ventre parece borboletas emboladas feito flores a desfilar no ar e dançar a
próxima valsa a tocar, os anjos exibem harpas, violinos e flautas em sinfonia
com a orquestra mágica boreal que encantam pássaros e os vaga lumes, passam a piscar.
A noite virá, as estrelas, a brilhar, a lua a iluminar a beleza das suas curvas
em um vestido branco de seda e toda essa beleza, eu irei parar e observar.
A camponesa
esconde sua beleza na lua cheia, seus cabelos ao vento pareciam nuvens
sobrepostas, fios negros soltos, pareciam raios de um luar a enraizar desejos
na terra molhada que a relva goteja o orvalho que parecem cristais flutuantes,
jóias exuberantes criadas pela natureza artesã, percorrer por todo o imenso denso
sonho e deságua sobre o mar límpido salgo do doce amar.
O sol vem
chegando e a camponesa é acariciada com os primeiros raios, os olhos
adormecidos abrem-se para um novo dia, para um novo olhar, para uma nova forma
de observar o dia. O céu azul feito o fundo do mar, nuvens que desenham corais no navegar
dos pássaros a cantar, o céu é o mar de ponta cabeça que em gota em gota enche
rios e represas.
Águas virão
desaguar uma cachoeira de ilusões, pelas pedras escorrerão poemas lodosos e
versos amorosos que irão molhar toda a secura de um amar esquecido, esquecido
dentro do troco de uma árvore, que abrigou o amor, deixou quente, protegido e
pronto para ser digerido.
O amor
espera a camponesa que por muitas vezes não passeou mais pela floresta, deixou
naquela fresta o sentimento guardado, o amor despedaçado e o pedido esquecido.
Ela irá voltar e pelas frestas irá coroar uma nova realeza.
O dia
terminou, amanhã, começa tudo novamente com príncipes e princesas, com camponeses
e camponesas, com beleza e também nobreza.
Comentários
Acredito que há muitas camponesas esperando o momento certo de voltar...
Seu texto me fez retornar no tempo de contos de fadas, onde a inocência reinava!